COMO SER SANTO CONFORME A FAMÍLIA DE NAZARÉ?
NA ESCOLA DE NAZARÉ, HÁ LIÇÕES QUE VÃO SALVAR NOSSAS ALMAS!
A sociedade atual, está determinada, em plena atividade social para destruir as famílias, em especial, o modelo de família cristão. O matrimônio está em cheque, quase mate, em função de todas as ideologias reinantes em nosso tempo: feminismo, liberdade sem responsabilidade, relativismo moral, entre tantos outros; frutos de anos de desconstrução da moral, de desconstrução das relações familiares. O fluidez do casamento, como um direito alcançado “melhor é separar para não sofrer”, “ame-se em primeiro lugar”, “ninguém é obrigado a viver com outro, se não quiser mais”, entre outras frases do “direito sem dever” dos dias atuais. De fato, o divórcio não é apenas comum, mas é esperado em mais da metade dos casamentos de hoje. Milhares de milhares de crianças são criadas sem disciplina e seu potencial é prejudicado por abuso, negligência ou puro descaso dos pais.
A tradição católica sustenta a crença de que Maria permaneceu sempre virgem. São José é frequentemente referido como o castíssimo esposo de Maria, e na Ladainha de São José é reconhecido como o casto guardião da Virgem. Talvez esta seja outra maneira pela qual a Sagrada Família fornece um exemplo para o nosso mundo moderno, frequentemente assaltado por promiscuidade sexual e pensamentos lascivos fugazes. A relação casta de José e Maria lembra a todos os fiéis que, mesmo no casamento, a castidade deve ser observada. A prática do planejamento familiar natural (PFN) é uma maneira pela qual um casal observa a castidade em seu casamento. A fidelidade recíproca de José e Maria também dá grande exemplo e encoraja os casais na fidelidade recíproca, mesmo em circunstâncias difíceis. O relacionamento casto entre José e Maria significa que eles experimentaram a intimidade de maneiras diferentes em sua vida em comum. Sua pureza de mente e coração de amor mútuo um pelo outro e pelo Filho de Deus é realmente digno de ser imitado por todas as famílias
Na história da nossa Igreja, podemos encontrar milhares de exemplos de famílias fortes, dispostas a se sacrificarem para formar a verdadeira base da sociedade. Essas famílias forneceram correção à sociedade criando novas gerações de líderes e santos. Quando estudamos a vida dos santos, como São Tomás More, o mártir que viveu uma vida de virtude heroica e que, mesmo após a morte de sua primeira esposa, ensinou seus filhos a conhecer e amar sua fé nele. Pense na família de Lisieux na França do século 19, os Martins, a família de Santa Teresa, que também sofreu a perda da mãe, mas passou a levar uma vida de santidade.
Aqui, citamos apenas dois exemplos, porém, se buscarmos com prontidão, podemos encontrar centenas de outros exemplos. Casamento e família são necessários em sociedade, são fundamentais para a transmissão de cultura e moral natural, e funcionam perfeitamente, se se propuserem a oferecer oportunidades para crescer em santidade, fortalecer a cultura em que vivemos, superar os maiores obstáculos e vencer.
O mais importante é perceber que o próprio Deus nos deixou o exemplo mais perfeito de vida familiar, a Sagrada Família de Nazaré! Que nos ensina melhor como construir nossa própria pequena "Nazaré" e levantar santos para servir a Deus e ao mundo.
É evidente que não temos meios pessoais de comparar as nossas experiências de família atuais, de forma direta com a Sagrada Família, entretanto, podemos sim, refletir sobre os papéis de Maria como mãe, José como pai e Jesus como Filho, o que nos dá uma perspectiva perfeita, um modelo espiritual que pode moldar nossa compreensão de nossos próprios papéis em nossa vida.
NA ESCOLA DE NAZARÉ
Certa vez, estando em peregrinação a Nazaré, o Papa Paulo VI fez a seguinte reflexão: "Nazaré é uma espécie de escola... Como gostaria de voltar à minha infância e frequentar a escola simples, mas profunda que é Nazaré!" E explicou que há três lições básicas a serem aprendidas com a infância de Jesus:
1. Ofereceu silêncio. “Precisamos deste maravilhoso estado de espírito”, disse o Papa, para combater as pressões e os ruídos do mundo.
2. Era "uma comunidade de amor e partilha". Nazareth serve como "um modelo do que a família deve ser... bela pelos problemas que apresenta e pelas recompensas que traz, em suma, o ambiente perfeito para criar filhos — e para isso não há substituto".
3. Ensinava disciplina. "Em Nazaré, casa do filho de um artesão, aprendemos o trabalho e a disciplina que ele implica".
Ao moldar nossos lares com o silêncio, amor comunitário e disciplina, garantimos que a próxima geração de nossas famílias, crescerá em um ambiente de estímulo, de crescimento, no qual são moldados os santos. Como pais, mas principalmente, como pais cristãos, somos convocados a moldar, a nos tornarmos, verdadeiramente, “imagem e semelhança” em nossa própria vida familiar da Sagrada Família de Nazaré.
O SILÊNCIO
O silêncio é o espaço próprio da oração, do diálogo com o Deus que quer participar de nossa experiência familiar. O Papa Paulo VI refere-se em primeiro lugar ao silêncio, pois sabe que é onde somos treinados na oração. Uma vida interior de oração e discernimento do momento do silêncio, é livre de lutas desnecessárias e distrações; é uma vida de passo mantido rumo ao Reino, que nos afasta dos barulhos do mundo hodierno, que, não só perturbam, mas, principalmente, nos acostumam com o afastamento gradativo da presença, da amizade com Jesus e Seus santos, nos faz não reconhecer o Espírito Santo agindo em nosso dia a dia. É no silêncio interior que contemplamos e temos comunhão com Deus.
A nossa Bíblia, fundamento do conhecimento humano e físico de Jesus, não revela muita coisa sobre a infância de Jesus, o pouco que sabemos é que a Sua casa, a casa da Sagrada Família em Nazaré era um santuário, onde as distrações e influências do mundo não podiam tocar. A infância de Cristo foi um tempo de formação e preparação para a sua missão que não nos foi apresentado, talvez para não O olharmos como seus amigos em Nazaré, como Ele mesmo nos revela: “... disse-Lhes, porém, Jesus: é só em sua pátria e em sua família que um profeta é menosprezado.” Mateus 13, 57. A preparação no sossego de Nazaré foi tão importante para Jesus que representa trinta dos seus trinta e três anos dele na terra.
Cada lar cristão deve ser um Santuário no mundo e para o mundo. Quanto mais influências negativas permitirmos em nosso lar, menos controle teremos sobre o que forma o caráter de nossos filhos. Um lar marcado pelo silêncio é um lar onde as prioridades estão em ordem e onde há foco no bem espiritual dos filhos.
Ao promover o silêncio em casa, ensinamos nossos filhos a evitar distrações. Eles aprendem a se concentrar melhor e, assim, são mais capazes de desenvolver sua fé. Santa Teresa de Calcutá explicou como ela e suas irmãs estavam cientes da vontade de Deus para elas. Ela disse: "Antes de falar, é necessário que você ouça, pois Deus fala no silêncio do coração". Em silêncio, nossos filhos aprenderão a orar e a desenvolver um relacionamento amoroso com Deus, uns com os outros e conosco. Mas esse ideal é muito difícil de realizar.
No Evangelho de Lucas, vemos vários exemplos do "coração ponderado" de Maria. Ela não tinha certeza do que fazer com os eventos que se desenrolavam em sua vida, então ela confiou na Providência de Deus e considerou essas coisas no silêncio de seu coração (Lucas 1, 28; 2, 19). Como pais, não entendemos muitas coisas enquanto nos esforçamos para criar nossos filhos de acordo com a vontade de Deus. Mas se ponderarmos sobre essas questões e as elevarmos a Deus em oração, logo entenderemos o que ele está nos chamando a fazer.
O tempo que temos para desenvolver a virtude em nossos filhos é curto. Devemos fazer o melhor possível. Eles deixarão o lar e farão a vontade do Pai, e precisam de nosso cuidado e proteção para se tornarem os santos que foram chamados a ser.
CONSTRUIR UMA COMUNIDADE DE AMOR
O Papa Paulo VI disse que construir uma "comunidade de amor e partilha" é crucial para ensinar as virtudes às crianças. Essa comunidade também é necessária para formar nas crianças a matéria-prima para relacionamentos altruístas e amorosos com Deus e com seus futuros cônjuges e filhos.
A construção de uma comunidade de amor e partilha começa com a vontade de cada membro da família de se oferecer pelo bem do outro. Os pais são chamados a ser os primeiros exemplos de doação. Nossas vidas devem ser ordenadas ao serviço dos outros. Maria entendeu isso. Considere como ela largou tudo e viajou para visitar sua parente Elizabeth. Mesmo estando grávida, Maria foi de boa vontade e atendeu às necessidades de sua parenta mais velha (Lucas 1, 39–56).
Considere também seu sofrimento quando seu divino Filho foi torturado e morreu na cruz. Ela sempre soube que ela e seu Filho teriam de suportar grandes sofrimentos, e ela humildemente e com amor abraçou seu chamado e permaneceu ao lado dele até sua morte.
São José também deu um exemplo de entrega total quando aceitou humildemente a vontade de Deus ao conduzir sua família para longe do perigo no Egito. Fugiram como refugiados, na pobreza, mas foi o que tiveram que fazer para proteger o divino Menino.
Como pais, devemos estar preparados para largar tudo e fugir para proteger nossas famílias. Isso se aplica não apenas à proteção corporal, mas, principalmente, à proteção de suas almas. Quando percebemos uma ameaça à vida moral de nossa família, devemos fugir dessa ameaça ou erradicá-la de nosso lar. Em uma comunidade de amor e compartilhamento, primeiro cuidamos daqueles que estão sob nossa responsabilidade e fornecemos um ambiente protetor no qual eles possam se desenvolver.
OUSE DISCIPLINAR
Maria e José educaram Jesus, e José o ensinou a trabalhar como carpinteiro. Vivemos em uma época muito diferente, em que é raro que ambos os pais ensinem seus filhos trabalhando com eles ao longo do dia. Mas lições sobre trabalho árduo e disciplina podem ser aprendidas quando os pais se esforçam para permitir que seus filhos os ajudem em suas tarefas diárias em casa. Ao ajudar os pais, os filhos aprendem as virtudes da diligência, autodisciplina e responsabilidade, bem como o valor do trabalho.
Os filhos também aprenderão a obediência à vontade dos pais, um exercício de treinamento em obediência à vontade do Pai. Como São Lucas nos diz, até mesmo Jesus "era obediente a eles" e "crescia em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens" (Lucas 2, 51-52). A obediência alimenta a virtude da humildade, que é o fundamento de todas as virtudes e, com amor, forma o cerne da santidade. Sabemos que nossos filhos não são perfeitos. Suas almas, como as nossas, foram maculadas pelo pecado original. É por isso que a disciplina é fundamental para promover a santidade na família.
A palavra disciplina vem da palavra latina disciplina, que significa "instrução ou conhecimento", de discipulus ou "discípulo". Deus deu aos pais o dever de disciplinar seus filhos, e os pais são responsáveis perante Deus pela alma e pela formação de seus filhos. As crianças não podem aprender a virtude sem a orientação e o exemplo de pais generosos. Às vezes, é bom oferecer opções às crianças para que aprendam não apenas a pensar por si mesmas, mas também a responsabilidade pessoal. Mas nunca se deve permitir que as crianças escolham algo que coloque suas almas em perigo.
O MODELO HUMANO DE NAZARÉ
São José não é um monge, mas um leigo. Ele não é um intelectual, mas um artesão. Sua conduta é uma inspiração para maridos e pais. José, o carpinteiro, é aquele que dá o pão e sustenta a casa, a esposa e o filho. É um homem obediente a Deus porque, sem demora, «levou consigo a sua mulher» (Mt 1, 24). Ele é um marido amoroso e um pai protetor quando pegou sua família e fugiu para o Egito para salvar a vida do menino Jesus. Com o seu exemplo e iniciando-o na prática de carpinteiro, José permite a Jesus inserir-se no mundo do trabalho e da vida social. Através da paternidade faz do seu lar, com a colaboração de Maria, um ambiente propício ao crescimento e amadurecimento pessoal do filho. Também sabemos que José é justo e respeitador das leis humanas: vai a Belém para o recenseamento. Ele circuncida Jesus. Ele o apresenta ao Senhor quando se cumprem os dias da purificação de Maria. Ele viaja com sua esposa todos os anos para Jerusalém para a festa da Páscoa. Com sua conduta, São José lembra aos pais de hoje que a principal preocupação deve ser seguir a vontade de Deus. Como esposo, não hesita em sacrificar as suas aspirações humanas para permitir que Maria seja a Mãe de Deus e realize nela o seu projeto divino.
Maria, como mãe, vive no cotidiano de todas as mães. Ela conhece, como todas as outras mães, a alegria de trazer um filho ao mundo, a alegria de vê-lo crescer, receber carinho e ternura. Como todas as outras mães, ela também conhece as preocupações do dia a dia de uma mãe. Ela se sente particularmente ansiosa por seu filho, durante os três dias em que ela e José estão procurando por Jesus quando ele permaneceu com os doutores do templo. Como qualquer mãe, ela conhece a dor de ver o filho sair de casa, quando Jesus inicia definitivamente sua vida pública. Maria é a mãe por excelência. Ela não só o ajuda a crescer "em sabedoria, idade e graça" (Lc 2, 52), como o prepara para a sua missão. Ela o apresenta à cultura e às tradições do povo de Israel. Ela também carrega com ele suas dores e sofrimentos até seu último suspiro na cruz. via dolorosa que lhe foi anunciada. Mas ela não procura impedir que seu Filho faça a vontade do Pai. Ela não apenas concordou em entregar seu único filho, mas na hora em que os homens o levaram embora, ela concordou em se tornar a Mãe de todos os homens: "Eis o teu filho", disse o Salvador a Maria, que estava ao lado de João aos pés da a Cruz. Longe de ser uma mãe possessiva, ela é um modelo de generosidade, obediência e amor incondicional. É o seu SIM que nos abre à encarnação de Deus e à nossa própria redenção.
Jesus, enquanto isso, durante sua vida escondida em Nazaré, permanece no silêncio de uma existência comum, e compartilha a condição da maioria dos homens que levam uma vida regular: uma vida de trabalho braçal, uma vida religiosa submetida à lei de Deus e uma vida comunitária . Durante seus anos escondidos em Nazaré, Jesus não fica ocioso. Lucas nos diz que ele continua crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens. De fato, Jesus recebe formação espiritual e religiosa e torna-se aprendiz na oficina de seu pai. Jesus, dizem-nos novamente, é uma criança obediente aos pais, o que cumpre perfeitamente o 4º mandamento. Ele é um filho amoroso, emocionado com as lágrimas de sua mãe. Jesus passou por todas as etapas. No útero, ele experimentou a fragilidade de um bebê. Passou pelo crescimento da adolescência e juventude, e depois pelo cansaço, trabalho, dor e sofrimento até a morte. Ele não acelerou o processo. Ele observou todas as leis, em humildade e obediência. Sua vida é um exemplo de modéstia e simples aceitação da lei. O seu exemplo permite-nos estar em comunhão com Ele numa vida quotidiana feita de oração, trabalho e amor familiar.
Essa simplicidade de Jesus e de seus pais em Nazaré é uma lição para toda família. Nazaré nos ensina o que é família, sua beleza e sacralidade. A Sagrada Família de Nazaré é um templo de graça que nos mostra como santificar a vida cotidiana através do exemplo de Maria, José e do menino Jesus.
No terceiro milênio a instituição da família mais uma vez sofre ataques políticos e sociais. Agora é a hora de batermos à porta da casa da Sagrada Família em Nazaré e deixarmos de ser espectadores, apenas espiando, e então adentrar, para assim, nos tornarmos um morador em sua casa. Deles aprenderemos todas as virtudes para a vida familiar cristã e, por sua inspiração, a força da Graça, para praticá-las em nossos lares e entre as nossas próprias famílias. Seja mais um santo, rumo ao Reino!
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